DETALHES
DA MORTE DO PADRE LUIS MARÍA ANDRÉU APÓS A SUA VISITA A GARABANDAL
A
VIAGEM DE REGRESSO A CASA
Introdução ao tema
No
dia anterior, 8 de agosto de 1961, o Padre católico Luis Andréu tinha visitado
Garabandal pela segunda vez. Por ausência do pároco de Garabandal, ele ficou
encarregue de celebrar a Santa Missa nesta aldeia. Após finalizar a Santa
Missa, as meninas videntes entraram em êxtase e deslocaram-se a correr até aos
“pinos”. O Padre Luis Andréu mostrando interesse nestes acontecimentos, decidiu
segui-las até lá. Pouco tempo depois, e sem esperar, o Padre Luis teve a visão
de Nossa Senhora e do futuro Milagre de Garabandal. O Padre, gritou nesse
momento as palavras: “Milagre, Milagre…”.
Foi
já de madrugada que este sacerdote cheio de felicidade, iniciou a sua viagem de
regresso a casa na companhia de alguns amigos. Este artigo relata os pormenores
dessa viagem de regresso que culminou com a morte inesperada do Padre Luis Andréu.
As primeiras
impressões sobre o sucedido...
Era
naturalíssimo que ao sair da Igreja, todos aqueles que foram testemunhas dos
acontecimentos daquela tarde e noite, deixassem alguns comentários entre
eles... Num determinado círculo de pessoas, falava o Padre Royo Marín: “eu não
sou infalível, mas sim especialista nestas questões (Poucos anos antes tinha
publicado uma extensa e muito documentada “Teologia da Perfeição Cristã”, que
teve muito êxito nos países de língua espanhola.), e parece-me que as visões
das meninas são verdade. Eu tive oportunidade de apreciar quatro sinais a
favor, que não deixam lugar para dúvidas”.
Então,
D. Rafael Fontaneda aproximou-se dele e disse-lhe:
“Padre,
se isto é assim tão sério, porque não fica aqui mais uns dias, para que possa
estudar melhor o assunto?”. Ao que ele respondeu “Agora é-me impossível ficar;
mas devo dizer que “isto” está tão claro, que não há lugar para dúvidas”.
E
tenha-se em conta que inicialmente o Padre Royo Marín tinha subido a Garabandal
demasiado cético. Era já bastante tarde quando as pessoas que iam na caravana
de carros com Alba de Aguilar de Campo, iniciaram a descida de Garabandal: uns
foram a pé, outros no “jeep”. O Padre Luis María Andréu foi uma das pessoas que
decidiu ir no tal veículo que indicamos anteriormente; durante o trajeto, todos
puderam observar que ele estava envolvido por uma alegria muito grande... e ele
manifestava isso de mil formas, ao mesmo tempo que declarava a sua absoluta
certeza sobre a veracidade de tudo aquilo que diziam as meninas videntes. Na
aldeia próxima de Garabandal, Cosío, teve-se que esperar pelos restantes
elementos que entretanto tinham decidido vir a pé desde Garabandal. O Padre Luis
não saiu do “Jeep”; ele estava quase a dormir, quando chegou D. Valentín
Marichalar, o pároco, e então o Padre Luis, com uma normal lucidez e tom sério,
disse-lhe:
“Don
Valentín: O que dizem as meninas é verdade; mas não fale disto que eu lhe disse
agora... A Igreja tem que usar toda a prudência em relação a estes assuntos”.
Naquela
mesma noite, antes de dormir, D. Valentim anotou cuidadosamente toda a conversa
que teve com o Padre Luís naquela hora da despedida.
A viagem de regresso
do Cosío a Aguilar del Campo
Para
o regresso a Aguilar desde o Cosío, elegeu-se uma rota distinta daquela que
tinha sido usada na viagem de ida, mais comprida, mas mais fácil: o trajeto de
Torrelavega - Reinosa. Temos para confirmação desse trajeto, o relato de D.
Rafael Fontaneda:
“No
Cosío todos os presentes foram repartidos pelos diversos veículos que formavam
a expedição; em relação ao Padre Luis, pediam que fosse no carro do meu irmão,
mas ele preferiu ir comigo, já que comigo ele já tinha feito a viagem de ida.
Tomou lugar no banco da frente, junto ao condutor, José Salceda; na parte de
trás do veículo iam a minha esposa Cármen, a minha filha Mari Cármen (de oito
anos) e eu. Ao longo da viagem de regresso íamos a comentar sobre tudo aquilo
que tínhamos visto naquele dia... O Padre Luis disse-nos que tinha trocado
impressões com o Padre Royo Marín, e que ambos estavam de acordo em relação aos
acontecimentos de Garabandal. Tanto a minha esposa como eu, e mesmo José
Salceda, sentíamo-nos impressionados pela profunda e intensa alegria do Padre
Luis, assim como pela sua confiança. Ele falava sem pressas, e repetia muitas
vezes estas frases:
“Que
contente eu estou!... Que presente me deu Nossa Senhora!... Eu não posso ter a
menor dúvida sobre a verdade daquilo que aconteceu com as meninas...”.
“Em
Torrelavega alcançamos o “jeep” que nos tinha levado desde o Cosío a
Garabandal; estava parado, com pessoas de Aguilar de Campo. O nosso condutor
aproximou-se para ver se necessitavam de ajuda. Ele e o Padre Luis estiveram a
falar durante uns minutos com esses passageiros. Ao recomeçarmos de novo a
viagem, eu disse ao Padre Luis: “Padre, porque não dorme um bocadinho?” Aceitou
a sugestão, e esteve assim a dormir durante quase uma hora, até bem pouco antes
de chegar a Reinosa (Importante povoação industrial situado a sudoeste de
Santander, em plena cordilheira cantábrica; por cima de Reinosa, a noroeste,
nasce o rio Ebro, e um pouco por debaixo dela, a este, as suas águas juntam-se
e acumulam-se no reservatório com o seu nome. Desde ela pode-se avistar
Retortillo, onde apareceram as ruínas daquela que foi capital romana
Julióbriga. Reinosa está sobre a estrada e o caminho-de-ferro que levam de
Santander a Madrid, via Palência.). Então o Padre Luis acordou e disse: “Que
sonho tão profundo eu tive! Encontro-me estupendamente bem. Nem sequer estou
cansado”.
“Todos
os demais estavam bem carregados de sono, pois eram já quatro da manhã.
Entretanto detivemo-nos numa fonte para bebermos e refrescarmo-nos um pouco. O
Padre Luis perguntou mais tarde ao condutor se ele também tinha bebido, e José
Salceda disse-lhe que tinha dado água aos seus olhos, que eram os que tinham
maior necessidade... Podemos completar estas cenas com alguns pormenores:
Em
redor desta fonte, nas redondezas de Reinosa, pararam todos os carros que
formavam a caravana, e todos os passageiros saíram para esticar as pernas e
para se refrescarem, com exceção do Padre Luis Andréu que ficou no seu lugar
dentro do automóvel, apenas com a porta aberta. À sua volta foram-se agrupando,
pouco a pouco, quase todos os elementos daquela viagem e começaram a fazer-lhe
perguntas...
Ao
fim de algum tempo depois, iniciou-se a viagem; o carro do Padre Luis ia em
último lugar. Ao entrar pelas ruas da povoação totalmente desertas àquela hora,
foi quando o padre Luis começou a dizer estas coisas tão importantes, que nos
transmitiu o senhor Fontaneda, e que foram os últimos desabafos e afirmações
daquele verdadeiro filho de Santo Inácio.
“Sinto-me
verdadeiramente cheio de alegria, de felicidade. Que presente me deu Nossa
Senhora! Que sorte nós temos por ter uma Mãe assim no céu!... Não devemos ter
nenhum medo da vida sobrenatural... Temos de aprender a tratar a Virgem como
fazem as meninas! Elas deram-nos esse exemplo!... Eu não posso ter a menor duvida
sobre a verdade das suas visões... Porque nos escolheu a Santíssima Virgem?... HOJE
É O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA.”
A morte do Padre Luis
María Andréu…
Acabou
de falar com esta última frase. Então eu perguntei-lhe algo, mas pelo fato dele
não me ter dado qualquer resposta eu disse-lhe: “Padre, está tudo bem consigo?”
Ele respondeu “Não, nada. Sono”. E inclinou a cabeça, ao mesmo tempo que emitia
um ligeiro ruído. O nosso condutor José Salceda virou a cabeça para o padre Luis,
e ao observar os seus olhos, exclamou: “O Padre está muito mal!” Rapidamente a
minha esposa pegou na sua nuca para comprovar o seu pulso e gritou: “Pára,
pára, porque ele não tem pulso. Temos aqui uma clínica: temos que o levar
imediatamente”. Eu pensava que se tratava apenas de tonturas e ao parar o
carro, pus-me a abrir a porta enquanto dizia: “Não se preocupe, Padre, que não
é nada; vai ver que vai passar com um pouco de ar”. Mas a minha esposa
insistia: “Temos que o levar imediatamente à clínica” e eu disse: “Não diga
disparates”. Levamos o Padre Luis à clínica, que estava a poucos metros de nós,
a enfermeira que nos abriu a porta, disse-nos imediatamente que estava morto.
Eu repliquei com a minha mulher que não podia ser… e que tinha de fazer algo. A
enfermeira deu-lhe uma injeção, enquanto isso José Salceda corria para chamar
um médico e um sacerdote. O médico (o seu nome, Vicente González e o nome do
estabelecimento para onde foi levado o Padre Luis chamava-se, “Clínica
Montesclaros” (sem duvida, em honra da Virgem de Montesclaros, que tem o seu
santuário num lugar não muito longe de Reinosa e que é muito venerada por toda
a região). Ele chegou passados dez minutos e só pôde constatar que já estava
efetivamente cadáver. Imediatamente chegou o pároco, e administrou-lhe a Santa
Unção.
“Passados
os primeiros instantes de um total nervosismo e desconcerto, começamos a pensar
melhor: chamei por telefone o seu irmão Padre Ramón, que estava em Valladolid,
dando exercícios espirituais a uma comunidade de religiosas; comuniquei-me
também com Aguilar de Campo, e horas mais tarde foram chegando os meus irmãos e
cunhado. Felizmente, também chegou a Reinosa o Padre Royo Marín, que nos
acompanhou e nos consolou (O Padre Royo Marín, embora Levantino, tinha
familiares em Reinosa, e isto explica a sua paragem ali, pois seguramente
ignorava a inesperada morte do Padre Luis). A meio da manhã chegava também o
Padre Ramon Andréu”.
Podemos
imaginar a impressão do Padre Ramón ao encontrar-se com o cadáver daquele irmão
mais novo, de trinta e seis anos...Como esperar uma coisa assim? Nunca ele o
tinha visto doente, nem nunca ouvido que tivesse algum problema cardíaco (só
sabia da sua alergia ao feno e que obrigava que o próprio tomasse determinados
medicamentos durante o tempo da primavera) e tinha boas razões para crer que
estivesse cheio de vitalidade, pois em Oña ele fazia desporto com frequência, e
nos dias de férias saia com outros companheiros para caminhar pelas montanhas. Mas
foram estes os desígnios de Deus.
O
Padre Ramon, que tinha recebido em Valladolid a chamada telefônica por volta
das 06:15 da madrugada, chegou a Reinosa às onze dessa manhã. Depois de cumprir
piedosamente com o seu irmão, foi recolher os poucos pertences do seu irmão;
entre elas, um pequeno caderno que o Padre Luis levava no bolso; o cadernito
número 3, onde tinha apontado de forma muito sumária todas as incidências
relativo ao dia anterior em Garabandal. Seguidamente pôde falar um pouco com o
Padre Royo Marín, e dos seus lábios recolheu estas afirmações:
“Isto
de Garabandal não tenho a mínima dúvida; o mínimo que se pode fazer é tomar
tudo isto de forma séria. A marcha extática, para mim foi claríssima: era sem
luz, e tão rápida, que não podíamos seguir as meninas; não olhavam para onde
iam, e não tropeçavam em nada (só observei algum ligeiríssimo resvalar sobre a
erva molhada). Levavam os olhos bem abertos; mas aqueles olhos estavam “mortos”
para as excitações sensoriais que a todos nós humanos nos afetam... O seu irmão
sabia muito, tinha que ser um bom professor: analisava bem as coisas, e estávamos
de acordo em tudo” (a opinião do Padre Royo Marín sobre Garabandal era bem
firme).
Dez
dias depois, a 18 de agosto, às três e trinta da tarde, ele telefonava desde
Castro Urdiales (Vila da costa de Santander) a um pequeno grupo de pessoas que
iam com ele e com o Padre Ramon Andréu a Santander, para informar sobre o
seguinte:
“Estou
muito doente, com quarenta de febre, mas com muita pena não posso
acompanhar-vos; mas vão vocês ao senhor Bispo e digam da minha parte sem nenhuma
reserva que aquilo de San Sebastião de Garabandal é sobrenatural com toda a
certeza. Esta é, a minha opinião. E que ele tem obrigação de ir lá para ver. Se
não quiser ir, levamo-lo nós como seja... Há um dever urgente de aceitar tudo
aquilo que Deus faz com suficiente clareza”.
O
Padre Royo Marín, depois destes dias de agosto, não voltou a encontrar ocasião
de subir à famosa aldeia. No princípio de 1965, o Padre Royo Marin estava em
Santander, numa determinada igreja da cidade, e passaram na sacristia várias
pessoas e perguntaram-lhe: “Padre, o que pensa sobre as aparições?”
Ele
disse: “Eu não pude mais regressar a Garabandal. Por isso, não tenho opinião
sobre o que se passou depois da minha última visita. Mas quando estive lá, não
tive dúvidas que eram verdadeiras”.
Uma Felicidade eterna
Se
o Padre Luis María Andréu não morreu de doença, uma vez ser desconhecido
qualquer problema de saúde, então de que morreu?
Ouçamos
de novo o senhor Fontaneda: “Sempre que comentei com a minha esposa este
acontecimento, que foram tão fortemente impressionantes para todos nós,
sentimos uma paz e uma serenidade inconfundível”. Só encontramos uma resposta
para a pergunta. De que morreu o Padre Luis? Ele morreu de felicidade! Não
obstante de ter passado por frações de segundo da normalidade mais completa a
um estado de cadáver, sobre os seus lábios ficou-lhe um sorriso... Quando volto
a Garabandal, pude ouvir as meninas a falar a respeito do Padre Luis, e escutei
alguns dos seus diálogos extáticos em que falavam dele ou com ele. Todos os
acontecimentos daquela dolorosa madrugada do dia 9 de agosto em Reinosa tiveram
para mim um especial significado, na qual a Providencia de Deus e o Amor de
Maria tiveram um importantíssimo papel.
“Este
é o dia mais feliz da minha vida”, disse-me o Padre Luis. Eu ia perguntar-lhe
sobre o sentido daquela frase, já que eu imaginava que para um sacerdote o dia
mais feliz era o da ordenação sacerdotal ou a primeira missa; mas não deu tempo
para lhe perguntar. Não podiam ser as suas palavras como um anúncio da sua
entrada na felicidade eterna? Tudo ficou claro quando ouvimos o Padre Royo: “Verdadeiramente,
o dia mais feliz da minha vida é aquele em que se chega aos braços de Deus”.
E
esse dia foi para o Padre Luis María Andréu naquele dia, 9 de agosto de 1961,
às quatro e vinte da madrugada, quando regressava de San Sebastião de Garabandal.
Depois de tudo isto, já podemos entender melhor o caso da primeira morte de
Garabandal: o Padre Luis não aguentou com a verdade e com a alegria de tudo
aquilo que tinha visto. Com toda a certeza que o Padre Luis, deixando as suas
forças por disposição divina, não pôde mais do que umas pequenas horas com a
verdade e com a alegria de Garabandal... morreu como “mártir”, pois deu o seu
inequívoco “testemunho” com a entrega da sua vida (“Mártir” é uma palavra de
origem grega, que significa testemunho. A Igreja primitiva usou-a para designar
quem dava testemunho público de Cristo, ou todos aqueles que confessavam diante
de todos a sua fé Nele, sacrificando a sua vida.). É também interessante
realçar que em Reinosa, cidade onde faleceu o Padre Luís existe a Igreja
dedicada a São Sebastião, tal como em Garabandal. Como se sabe, São Sebastião,
foi um dos primeiros mártires da história do cristianismo.
A presença do Padre
Luis em Garabandal…
Parecia
assim que tudo tinha acabado, que a história do Padre Andréu tinha acabado
naquele momento, mas não foi isso que aconteceu…. Vamos agora ouvir as notas do
Padre Ramon a este respeito: “Depois do funeral do Padre Luís em Oña, e depois
de acompanhar durante alguns dias a minha mãe (residente em Bilbao), fui para
Garabandal no dia 14 de agosto desse ano. Ao entrar na povoação, vieram ter
comigo para me saudar, as quatro meninas, porque tinham-me visto subir o
trajeto final até à aldeia de Garabandal. Disseram-me que quando lhes
informaram que o Padre Luis tinha falecido, ficaram tristes... (Conchita faz
referência a isto no seu Diário, páginas 45-46:
“No
dia seguinte, fomos nós as quatro varrer a Igreja. Quando estávamos a varrer,
veio a mama de Jacinta muito assustada, e disse-nos: “Morreu o Padre Luis María
Andréu!” E nós não queríamos acreditar porque o tínhamos visto no dia anterior!
E com tudo isto, deixamos a Igreja a meio dessa tarefa, e fomos inteirarmo-nos
melhor sobre este assunto. Diziam que quando estava quase a morrer, as suas
últimas palavras foram: “Hoje é o dia mais feliz da minha vida... Que mãe tão
boa temos no céu! E morreu”.
As
meninas disseram-me também que Nossa Senhora falou-lhes sobre a morte do meu
irmão, e que elas perguntaram-lhe então onde ele estava e Nossa Senhora
respondeu com um sorriso; e que elas disseram-lhe: “Porque nos vai dizer, se
nós já o sabemos?” Diziam as meninas: “Nossa Senhora sorriu!”…
Pouco
tempo depois, Loli entregou-me o Rosário que tinha recebido do meu irmão para
dar a beijar à Virgem, e que tinha entretanto perdido. Disse Loli: “Nossa
Senhora disse-me de forma clara onde estava o Rosário, e pude encontrá-lo de
seguida, nada mais do que levantar apenas umas pedras”.
Relato do Padre Ramon
María Andréu ao editor Francês do Diário de Conchita
“Era
o dia 14 de agosto. Tinha acabado de enterrar o meu irmão Luis, e acabava de
chegar a Garabandal. Um rapaz de Burgos aproximou-se de mim para me dizer: “Ouvimos
as meninas durante os seus êxtases que diziam: “Ai, que bem! Então, vamos falar
com o Padre Luis?”
Aquilo
deixou-me totalmente decepcionado. Pareceu-me que se tratava de um caso típico
de auto-sugestão: a morte inesperada do meu irmão tinha impressionado de forma
séria e forte o espírito das meninas, e aí estava o resultado... Naquele
momento quis sair imediatamente de Garabandal. Efetivamente, deixei-me ficar,
mas só o fiz porque os meus companheiros de viagem não tinham as mesmas pressas
que eu tinha naquele momento. O que se passou depois? Foi até ao local onde as
meninas estavam em êxtase, e pus-me a escutar as suas “conversações” com ou
sobre o Padre Luis... Ao fim de uns minutos, já não sabia em que pensar. Estava
verdadeiramente estupefato, pois as meninas, ao repetir as palavras da sua
visão, iam dando conta da morte do meu irmão, sobre os pormenores do seu
funeral, com detalhes muito precisos sobre os rituais especiais do enterro de
um sacerdote. Até sabiam que no caso do meu irmão Padre Luis tinha havido
algumas exceções em relação às regras tradicionais da celebração fúnebre; por
exemplo, não se tinha posto o boné na cabeça, e no lugar de cálix tinha sido
colocado um crucifixo entre as mãos. Inclusive, as pequenas explicavam a razão
dessas mesmas variantes.
Nesta
ocasião, escutei-as a dizer que o meu irmão tinha falecido sem fazer a sua
profissão, como assim era verdade. Falaram também sobre mim e sobre os meus
votos: Conheciam com exatidão a data, o lugar onde eu os tinha pronunciado e o
nome do jesuíta que tinha feito comigo esses mesmos votos! Deveis certamente
compreender o meu assombro, a minha estupefação, perante todos esses detalhes
rigorosamente exatos, que as meninas não podiam conhecer de nenhum modo por
condutos humanos...”
No
primeiro momento de êxtase do dia 14 (nesse dia estava presente o Padre Ramon
Andréu, que esteve com as meninas quase todo o dia, e pela noite até às três.
Também estiveram nesse dia na povoação D. Alberto Martín Artajo (ex Ministro
dos Assuntos Exteriores de Espanha), e o Padre Lucio Rodrigo (professor Jesuíta
de Comillas); e muita gente. (Notas de D. Valentín), e foi por volta das dez da
noite, que aconteceu o seguinte: “As meninas saíram em marcha extática, com a
cabeça levantada. Percorreram as ruas da povoação, às vezes juntas, às vezes
separadas. Quando se juntavam em algum lugar, irrompem com exclamações de
alegria. Assim, por várias horas, das dez às doze, o público segue-as rezando;
no entanto era difícil andar com elas por todas as partes, porque iam a correr
bem depressa... e mesmo assim nunca tropeçavam, nem com as muitas pedras que
havia no caminho, e também porque as voltas que as meninas realizavam pela
povoação são constantes, em todas as direções e por todas as ruelas. Foi numas
dessas ocasiões que foi possível ouvir as meninas falar do meu irmão: “Então,
vamos ouvi-lo falar?... Ah, que bom!”
Efetivamente,
as meninas sentiram a presença do Padre Luis nos seus êxtases e escutaram a sua
voz, mantendo o diálogo com ele, mas sem nunca ver a sua figura. Conchita
escreveu a esse respeito no seu Diário pág. 46-47:
“Quando
passaram uns dias do falecimento do Padre Luis, disse-nos Nossa Senhora que
íamos falar com ele. E no dia 15 de agosto, festa de Nossa Senhora da Assunção,
(nesse dia havia muitas excursões, e como essas pessoas fizeram nesse dia
alguns escândalos), era o dia que Nossa Senhora tinha-nos informado que iríamos
falar com o Padre Luis María Andréu..., e Ela não veio”.
Informa
o Padre Ramon Andréu:
“Repetiu-se
a situação de que quando o público estava mais numeroso e com ar de romaria,
com embriaguez, música ou canções profanas, a visão não tinha lugar. E o
público ficava defraudado. A primeira vez que eu observei isso, foi no dia 15
de agosto (1961), festa da Assunção, pela tarde. Nesse dia, toda a multidão
esperou em vão. À vista daqueles que se comportavam como se tivessem ido a uma
romaria, a ouvir canções profanas ou em estado de embriaguez na qual se
encontravam alguns deles, disseram-me várias pessoas da povoação, gente
sensível: “Hoje não haverá seguramente nada. Já sucedeu tudo isto de uma outra
vez. E todos nós aqui alegramo-nos de que não haja nada quando vêem para aqui
com essa disposição”.
“Outro
dia chamou-me Amália, a irmã de Loli, de onze anos, e encontrei Loli em estado
de transe... Escutei sobre o que ela dizia à visão: “... Estão a
cantar..."
Acabado
o transe, perguntei-lhe, e ela respondeu-me: “Nossa Senhora diz que se vai
embora, porque estão a cantar e em festa”. Saí dali e fui perguntar: “Há alguém
que está a cantar por aí?” – “Sim, responderam-me; há ali um grupo que está em
romaria. E não ouve visão, até que esse grupo, tivesse ido embora para suas
casas de autocarro. Isto sucedeu mais vezes. Eu pude constatar isso por cinco
vezes, pelo menos; e nessas cinco vezes a incorreção e a irreverência dos
visitantes era sempre visivelmente manifesta”.
Nesse
dia 15 de agosto de 1961, subiu pela primeira vez a Garabandal alguém que havia
de se converter num dos mais qualificados testemunhos da sua história: Don
Celestino Ortiz Pérez, médico de Santander, especialista em Pediatria.
“…..
Foi nessa visita quando conhecemos o Padre Ramon María Andréu; por certo que
este, ao inteirar-se de que eu era médico, mostrou muito interesse que eu
examinasse as meninas.”
Ouçamos
mais alguns dos relatos das meninas relativamente a estes fatos: “No dia
seguinte, às oito ou nove da noite, apareceu-nos Nossa Senhora muito
sorridente, como sempre, e disse-nos às quatro: Virá agora e falar-vos-á o
Padre Luis. E passado pouco tempo, ele veio, e chamou-nos uma por uma; no
entanto nós não o víamos, apenas ouvíamos a sua voz. A sua voz era exatamente
igual quando falava conosco na terra. E quando ele já tinha falado um pouco,
dando-nos conselhos, disse-nos também algo a respeito do seu irmão o Padre Ramon;
e ensinávamos palavras em francês, e a rezar em grego. Também ensinou-nos
palavras em alemão e em inglês. E ao fim de algum tempo, já não sentíamos mais
a sua voz, e falava apenas a Virgem que esteve conosco durante um certo tempo e
depois foi embora”.
Não
existe dúvidas de que as meninas pronunciaram mais de uma vez, nos seus
êxtases, palavras ou frases em línguas que lhes eram totalmente desconhecidas.
Existem testemunhos de toda a solvência. Na edição francesa do Diário de
Conchita reconhece-se esta declaração do Padre Ramon María Andréu: “Certamente,
as meninas falaram mais de uma vez em línguas estrangeiras. Escutei numa delas
o recitar da Ave-Maria em grego. E tenho em meu poder uma carta de Conchita, em
que refere integramente vários parágrafos, na qual dá conta das coisas que
aprendeu em francês, em êxtase, da parte do meu irmão” (pág. 57 do Diário de
Conchita).
Mais
de uma vez expressei opinião de que isto das palavras ou frases em línguas
estranhas parece “um jogo” demasiado inútil, e até um pouco tonto, para
admiti-lo como procedente do céu... Com todo o respeito em relação a isto, eu
atrevo-me a fazer estas observações: Tudo aquilo que vem de Deus tem uma razão
de ser e um porquê; existe sempre por trás de tudo uma motivação e uma
finalidade. Ele move-se sempre para nós em forma de mistério, que se vai
revelando progressivamente ao longo do tempo... segundo os seus desígnios. Perguntei-me
várias vezes, se isto das línguas estrangeiras em Garabandal não viria precisamente
apontar à dimensão universalista do seu “mistério”... uma vez que a sua ação
nunca poderia ser apenas baseado em horizontes locais ou nacionais porque como
se sabe Ela veio para todos.
Deixa-me
com muita alegria poder constatar, que falaram da Ave-Maria, a primeiríssima
oração mariana, precisamente em grego. Não foi nessa língua que se escreveu pela
primeira vez? Não foi nessa língua que partiram as traduções para todas as
restantes? E a língua grega, língua da primeira Igreja ecumênica, segue sendo o
símbolo de uma porção importantíssima de cristãos de hoje, que devem
encontrar-se numa mesma comunhão de fé e caridade.
Nossa
Senhora veio a todos nós, por Garabandal, numa grande hora ecumênica, e quem
sabe que tudo isto das línguas pode estar a insinuar algo sobre as dimensões
misteriosas da nova e singularíssima epifania da Virgem. As relações do falecido
Padre Luis com o fenômeno de Garabandal não acabaram nestes dias de agosto, e
existem muitos testemunhos das meninas que o confirmam.
No
entanto o mais surpreendente foi o que escreveu Conchita ao Padre Ramon, numa
carta do dia 2 de agosto de 1964:
“No
dia 18 de julho, festa de S. Sebastião de Garabandal, eu tive uma locução (as
locuções são um dos fenômenos de misteriosa comunicação entre Deus e a alma,
que estuda a Teologia Mística. Pela “locução” a alma recebe interiormente o que
Deus quer dizer sem palavras, mas com total claridade e segurança.), e nessa
locução disse-me, que no dia a seguir ao Milagre, retirar-se-á o teu irmão do
cemitério, e encontraremos o seu corpo intacto”.
Recentemente,
em 1976, difundiu-se por todo o lado a notícia de que os restos do Padre Andreu
tinham sido exumados, como os de outros muitos jesuítas sepultados em Oña
durante o tempo em que aquele lugar foi a Faculdade Teológica da Companhia.
Deixou de o ser a partir de um determinado momento, daí a necessidade de retirar
todos os corpos presentes nesse cemitério; foi dito que se tinham aberto todas
as campas, e “todos os cadáveres estavam decompostos”...
Tal
notícia, para desânimo de bastantes garabandalistas e para regozijo dos seus
opositores, foi em seguida tomada como nova “prova” contra a verdade de
Garabandal. Mas não há nada como saber esperar, para que muitas coisas obscuras
acabem e fiquem claras. Ao fim de um ano, chegou-me esta carta:
“Meu
amigo, o senhor Cabré, de Barcelona, recebeu uma carta de um Padre missionário
da América do Sul, na qual dizia que num outro dia encontrou-se com o Padre
Alejandro Andréu, irmão do falecido Padre Luis, e que lhe perguntou sobre o
ocorrido com o cadáver do Padre Luis, ao que ele me contestou. Ele disse-me que
em Oña tinham sido desenterrados todos os cadáveres e levados para Loyola; que
tinham destapado todos os caixões com exceção da do Padre Luis, por ordem do
Provincial dos Jesuítas. Assim, pois, efetuaram o traslado dos restos mortais
do Padre Luis sem contudo ficar a saber sobre o seu estado; os restantes corpos
dos Jesuítas, esses sim, estavam decompostos”.
Por
isso, só nos resta esperar pelo dia do futuro Milagre. Nesse dia maravilhoso,
Deus vai confirmar a autenticidade destas aparições através deste fato e do
próprio Milagre em si, que será um dos maiores milagres que Jesus fez na Terra,
a seguir à Sua Ressurreição.
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