segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Início dos Acontecimentos

DIÁRIO DE CONCHITA

INÍCIO DOS ACONTECIMENTOS


AS MENINAS BRINCAVAM

Era domingo à tarde do dia 18 de junho de 1961, quando Conchita e mais três amigas: Mari Cruz, Jacinta e Loli, que tinham quase a mesma idade (12 e11 anos), brincavam na praça do povoado.

Como parte das brincadeiras decidiram “fazer uma visita” à plantação de maçãs da senhora Concesa. E não perderam tempo. Lá chegando, tanto comiam as maçãs, como enchiam os bolsos. No auge da “colheita”, o esposo da proprietária viu os ramos das macieiras se agitarem e disse à esposa:

- “Deve ser as abelhas”!

Dona Concesa respondeu:

- “Então vai lá e vê o que está acontecendo”!

As meninas que já não tinham mais nenhum espaço nos bolsos, pois já estavam cheios de maçãs, saíram “na pontinha dos pés”, dando gostosas risadas. E assim, alcançaram o caminho que liga o povoado ao “bosquezinho dos Nove Pinheiros” (também chamado de Calleja, e também Pinheirais). Entretidas e andando calmamente, comiam as maçãs, quando de repente, ouviram um forte ruído, como se fosse um trovão. Comentaram entre si:

- “Parece que está trovejando”. (Eram 20:30 horas da noite. Como estava no período do verão, o tempo continuava claro e somente agora, o sol começava a se esconder no horizonte.)

Assim que terminaram de comer as maçãs, Conchita falou:

- “Ah! Que belas trapaceiras somos nós! Agora que comemos as maçãs que não eram nossas, o demônio deve estar muito satisfeito conosco e dando belas gargalhadas, enquanto o nosso Anjo da Guarda deve estar muito triste com tudo isto”!

Imediatamente, as quatro meninas colheram pedras e as atiraram com toda força, no lado esquerdo do caminho, dizendo que o demônio estava ali. Na concepção delas, do lado direito estava o Anjo da Guarda, triste e sério, por causa do procedimento delas. Cansadas de jogar pedras, sentaram-se e ficaram se distraindo com um “jogo de pequenas pedrinhas”. De súbito, apareceu uma figura muito bonita cercada de um maravilhoso esplendor, que brilhava com uma luz muito resplandecente, mas que não afetava a visão. Com o susto do inesperado as meninas gritaram:

- “Ai! É um Anjo”! E permaneceram em silêncio.

O Anjo não disse nenhuma palavra, apenas olhou para as meninas e depois de um pequeno espaço de tempo, desapareceu.



O Arcanjo e as meninas

Elas muito assustadas correram para a Igreja do povoado. Encontraram uma amiga de nome Pili Gonzáles, que as observando agitadas, perguntou:

- “Vocês estão tão pálidas e assustadas! O que aconteceu? Porque estão assim”?

As meninas meio envergonhadas, pois se lembraram que tinham “subtraído” as maçãs da horta de Dona Concesa, disseram:

- “Estamos assim de comer maçãs”! (A Visão parece ter acentuado nelas certo remorso e um grande arrependimento, pela falta cometida.)

A amiga retrucou:

- “Por isso, vocês estão assim”?

As quatro meninas responderam ao mesmo tempo:

- “É que vimos um Anjo”!

- “De verdade”?

- “Sim, de verdade. Por isso estamos indo em direção à Igreja!”.

Mas chegando à Igreja, ficaram sem coragem de entrar, e foram para trás do Templo e ficaram chorando. Algumas pessoas que passavam por ali, e vendo que as meninas choravam, se aproximaram e perguntaram:

- “Porque estão chorando”?

- “Porque vimos um Anjo”.

Aquelas pessoas foram ligeiras chamar à senhora Professora que também era a Administradora do Templo, e que veio logo em seguida e perguntou:

- “Filhas minha, é verdade que viram um Anjo”?

- “Sim senhora”.

- “Será que não foi a imaginação de vocês”?

- “Não senhora, vimos muito bem um Anjo”!

Então disse a Professora e Administradora da Igreja:

- “Vamos rezar uma Estação a Jesus Sacramentado em ação de graças. (A Estação é uma prática espanhola de devoção à Eucaristia. Consiste em rezar 6 Pais Nosso + 6 Aves Maria + 6 Glória + 1 Credo. Geralmente acrescentam no final 1 Salve Rainha.)

Quando terminaram, foram para as suas casas, pois já passava das 21 horas, e escurecia.

Quando Conchita chegou à casa, levou “um pito” da sua mãe:

- “Não lhe disse para chegar antes do anoitecer”?

Ela muito assustada, contou tudo com detalhes à sua mãe, afirmando:

- “Mamãe eu vi um Anjo”.

A mãe não acreditou e não levou o assunto a sério. Pensou que fosse uma “mentirinha” como forma de desculpa pela filha ter atrasado.

No dia seguinte, 19 de janeiro, a notícia se espalhou rapidamente no lugarejo, chegando ao conhecimento de todos. As pessoas faziam as mais incríveis hipóteses para justificar o acontecimento: “Deve ter sido um pássaro bem grande”! “Não, era à sombra de uma nuvem, com certeza”! Diziam outras pessoas. E muitas outras ficavam rindo e caçoando das meninas, julgando que fosse uma invenção, ou uma nova brincadeira.

As quatro jovens foram para a Escola às 10 horas e lá, a Professora voltou a inquiri-las, perguntando:

- “Vocês estão seguras daquilo que me disseram ontem”?

- “Sim senhora, nós vimos um Anjo”.

Terminada as aulas, elas foram para as suas casas, mas a Jacinta e a Mari Cruz saíram juntas e se encontraram com o Pároco Dom Valentim Marichalar. (Na verdade ele era Pároco no povoado vizinho, Cosío, e era encarregado do Campanário de San Sebastian de Garabandal.)

O Padre perguntou:

- “É verdade que vocês viram um Anjo”? Elas confirmaram:

- “Sim senhor”.

- “Será que vocês não se enganaram”?

Elas responderam sorrindo com simplicidade:

- “Padre, não tenha receio de crer, porque nos vimos um Anjo”! E seguiram para as suas casas.

O Padre ainda preocupado e com dúvidas, foi procurar Conchita e perguntou:

- “Conchita, seja sincera, o que você viu ontem à noite”?

Ela lhe explicou tudo minuciosamente. Ele então disse:

- “Se hoje ele lhe aparecer, pergunte: quem ele é e o que deseja”?

Em seguida o Padre foi à casa de Loli para checar, a fim de observar se as informações coincidiam. Loli repetiu tudo, exatamente do mesmo modo. O Padre então disse:

- “Vamos aguardar para ver se ocorrem outras Aparições e se Aquela Figura diz alguma coisa. Então, se algo acontecer de concreto, eu falarei com o senhor Bispo”.

As meninas foram para as suas casas almoçar, pois às 14 horas tinham que voltar à Escola. Terminadas as aulas, regressaram aos seus lares.

Na casa dos pais da Conchita estavam fazendo uma pequena reforma. Lá estava o pedreiro José Diez Cantero, apelidado de Pepe Diez, com Aniceto Gonzáles que era irmão da menina e servia de ajudante de pedreiro. Conchita pediu autorização à sua mãe para ir com as outras companheiras, rezar na “Calleja” (era o local que gostavam de permanecer e onde lhes apareceu o Anjo). O irmão, para implicar com ela, disse:

- “Mamãe, não deixe a Conchita ir rezar na Calleja, o povo vai ficar rindo e caçoando da gente”.

A mãe, coitada, ficava ainda mais aflita e nervosa, falando e resmungando. Mas quando chegaram as outras meninas, depois de muitas recomendações, ela permitiu que a filha Conchita também fosse. O maior argumento de Conchita era simples e demolidor:

- “Mamãe, nós vamos lá somente rezar e pedir a proteção da Virgem”.

Ao passarem pelo povoado as pessoas riam e perguntavam, aproveitando a inocência das meninas:

- “Aonde vocês vão”?

E elas, na simplicidade de seus 11 e 12 anos de idade, diziam:

- “Vamos rezar na Calleja”.

Eles então replicavam, sempre rindo e caçoando:

- “Mas porque vocês não vão rezar na Igreja”?

Elas respondiam:

- “Porque ontem nos apareceu um Anjo e temos a esperança de que ele volte e nos apareça outra vez”.

As meninas caminharam para o local predileto e foram seguidas, disfarçadamente, por diversas pessoas curiosas e alguns meninos. Chegando à “Calleja” se ajoelharam e começaram a rezar o Terço de Nossa Senhora com todo fervor. Alguns meninos malvados e sem juízo, escondidos no mato, ficavam atirando pedras sobre elas. Elas suplicavam que não jogassem pedras e então, os “moleques” ficavam dando altas risadas e caçoando delas. O céu estava nublado e ventava muito. E como começava a entardecer, decidiram voltar ao povoado e ir à Igreja. No caminho elas encontraram com a Professora e Administradora do Templo, e ela perguntou:

- “Vocês foram à Calleja”?

As meninas responderam que sim, mas disseram que estavam muito tristes porque o Anjo não tinha aparecido. Carinhosamente a Professora querendo consolar as crianças disse:

- “Não se preocupem. Sabe por que o Anjo não veio? Porque está muito nublado e ameaçando chuva”.


O ARCANJO CONFIRMA SUA PRESENÇA

Eram 20:30 da noite, e elas decidiram fazer uma visita ao Santíssimo Sacramento na Igreja e depois regressaram às suas casas.

Chegando à casa, a mãe de Conchita lhe perguntou se o Anjo tinha aparecido. Ela respondeu que não. Mas na verdade, ela encarou o acontecimento de modo natural. Cuidou de seus afazeres como sempre fazia, jantou e foi dormir às 21:45 horas. Todavia, como não estava conseguindo dormir, começou a rezar. E então, ouviu uma voz que lhe disse:

- “Não se preocupe, porque voltará a me ver”.

Esta mesma voz, conforme conversaram no dia seguinte, dia 20 de junho, todas elas, estando em suas casas, também ouviram. Decidiram não comentar o assunto da voz com ninguém. Assim, o povo do lugarejo começou a imaginar que foi mesmo ilusão das meninas, porque o Anjo não apareceu, e decidiram então, não se importarem mais com elas. Por seu lado, as meninas continuaram com o seu ritmo normal de atividade de todos os dias: foram às aulas e assumiram os serviços em suas casas.

Na tarde do dia 20 de junho, concluídas as aulas e os serviços nas suas casas, elas pediram as suas mães, que queriam voltar a “Calleja”. A mãe de Conchita não concordou que ela fosse, e disse isto, diante das três outras meninas, quando estas chegaram à casa da amiga, a fim de juntas seguirem para rezar no local predileto. As meninas e Conchita insistiram com a mãe dela, mas a senhora Aniceta não cedeu e mandou que as três seguissem sozinhas. Conchita ficou inconsolável, e ali triste as amigas permaneceram em completo silêncio. Passados alguns minutos, a senhora Aniceta voltou à sala, onde estavam as meninas, e falou:

- “Está bem, está bem. Eu deixarei a Conchita ir, se vocês fizerem o que eu decidir. Vocês três vão sozinhas à Calleja, sem dizer nada a ninguém, como se fossem jogar pedrinhas em qualquer lugar. Depois de um curto espaço de tempo, para que ninguém perceba, a Conchita irá às escondidas, encontrá-las no local combinado”.

Conchita confirmou as companheiras:

- “Vão que eu irei logo em seguida”.

E assim aconteceu. Logo depois de um curto espaço de tempo, as quatro meninas estavam juntas na “Calleja”. E rapidamente, de joelhos, iniciaram a reza do Terço de Nossa Senhora. O Anjo não apareceu. Mas quando elas, terminada as orações, se levantavam, foram envolvidas por um forte e intenso clarão luminoso, tão resplandecente que elas gritaram com medo. Logo em seguida, aquela luminosidade desapareceu e elas regressaram às suas casas, não foram à Igreja pois já passavam das 21:30 horas. Em suas casas, não disseram nada, conforme combinaram, como se realmente nada de novo tivesse acontecido.

O sacerdote que atendia ao povoado, Padre Dom Valentim Marichalar, residia em Cosío, e havia pedido as meninas, que lhe comunicasse qualquer novidade que acontecesse. Mas caminhar 5 quilômetros era muito distante para elas, crianças com apenas 11 e 12 anos de idade, os seus pais não iriam permitir. Por isso elas decidiram e sempre contavam tudo aos pais, a fim de que eles fossem a Cosío e transmitisse as notícias ao Padre Marichalar.

No dia 21 de junho o povo estava mais tranquilo, cada um ocupado com os seus afazeres e provavelmente ainda com dúvidas, sobre a ocorrência com as quatro meninas. Por outro lado, elas também, seguiam sua vida normal. Concluídos os compromissos do dia, à tarde pediram autorização aos pais para irem rezar na “Calleja”. Os pais consentiram e elas seguiram o caminho. Percebendo que ninguém estava preocupado com elas, imaginando que fosse uma grande mentira tramada pelas quatro, decidiram convidar uma senhora, Clementina González, para acompanhá-las nas orações. A senhora Clementina aceitou, mas quis levar a senhora Concesa (proprietária do pomar de maçãs) como companhia. Outras pessoas que observavam também decidiram acompanhá-las. Chegaram à “Calleja” e rezaram o Terço, mas o Anjo não apareceu. Então as pessoas presentes riam muito e faziam mofa dizendo às meninas que rezassem “Uma Estação”, a fim de dar tempo para o Anjo chegar. E assim elas fizeram, ajoelhadas e com muito fervor rezaram a “Estação”. Quando terminaram de rezar a Salve Rainha, o Anjo apareceu majestoso e belo. As meninas entraram em êxtase e o povo presente, percebendo que algo de maravilhoso estava acontecendo, ficou arrependido de terem zombado delas, e choravam e pediam perdão a Deus por não ter acreditado e pelo comportamento inconveniente. Terminada a Aparição, todos voltaram ao povoado impressionados, convencidos de que o sobrenatural ali tinha se manifestado, e a notícia se espalhou, chegando rapidamente até o Padre.




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